Marcelo Rebelo de Sousa bateu a covid-19 em três sets. Começou receoso e foi desfeiteado por um teste positivo. Recompôs-se e logrou o empate. No momento decisivo, perante a expectativa da numerosa plateia, formada por todos os portugueses, Marcelo deu a volta por cima e ganhou à melhor de três. Parecia um dos mais intensos e emocionantes jogos do Estoril Open, daqueles a que o candidato assistia ao lado do amigo que não é agora de bom tom nomear, como recordou uma chusma de comentadores e analistas a Ana Gomes.
Por falar em Ana Gomes, a militante do PS voltou a sugerir o adiamento das eleições. Um dos problemas da sucessão de estados de emergência é este. Começa-se por proibir a vida normal dos cidadãos comuns. Depois alvitra-se que os partidos devem ser limitados na sua acção para que as pessoas a quem foi retirada a liberdade não fiquem demasiado aborrecidas. E quando damos por ela já temos responsáveis políticos a sugerir que se viole a Constituição em algo tão central numa democracia como o direito a votar livremente, dentro das regras constitucionalmente garantidas.
Vitorino Silva, por sua vez, apresenta uma solução mais original. Também preferia que não houvesse eleições no dia 24, mas parece compreender a impossibilidade constitucional de alterar a data. Portanto, não está de modas, propõe que o confinamento comece apenas no dia 25. “É a opinião que tenho ouvido na rua e o povo é sábio”, sustenta.
Tiago Mayan Gonçalves escolheu o Mosteiro dos Jerónimos como cenário para a intervenção política de hoje. Perante a situação alarmante, propôs apoios públicos para os empresários que venham a ser prejudicados por mais um confinamento. Naturalmente, não propôs que o sector privado da Saúde ajudasse o SNS. Isso seria muito iliberal.
"Os extremos tocam-se". Há poucas frases mais estúpidas do que esta, sobretudo quando compara o Chega com o BE e o PCP. Mas se um relógio parado dá horas certas duas vezes por dia, por que raio aquela afirmação não haveria, alguma vez, de revelar-se acertada? Foi hoje. Marisa Matias, João Ferreira e André Ventura tiveram um dia parecido, sem acções de campanha.
E porque está tudo bem quando acaba bem, daqui a um bocado os candidatos encontram-se na RTP para o único debate a sete da campanha. Mas Marcelo intervém a partir de casa. Parece que o "match point" marcelista ainda aguarda decisão do vídeo-árbitro. As autoridades de saúde pretendem perceber o motivo dos resultados contraditórios, antes de tomarem uma posição definitiva sobre a liberdade de movimentos do presidente. Situação que deixou o candidato profundamente arreliado, como confessou à repórter da RTP, que se aproximou da janela do carro do político para colher as primeiras impressões.
Foto: Presidência da República