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12 janeiro 2021

Diário de campanha: Marcelo bate covid em três sets



Marcelo Rebelo de Sousa bateu a covid-19 em três sets. Começou receoso e foi desfeiteado por um teste positivo. Recompôs-se e logrou o empate. No momento decisivo, perante a expectativa da numerosa plateia, formada por todos os portugueses, Marcelo deu a volta por cima e ganhou à melhor de três. Parecia um dos mais intensos e emocionantes jogos do Estoril Open, daqueles a que o candidato assistia ao lado do amigo que não é agora de bom tom nomear, como recordou uma chusma de comentadores e analistas a Ana Gomes.

Por falar em Ana Gomes, a militante do PS voltou a sugerir o adiamento das eleições. Um dos problemas da sucessão de estados de emergência é este. Começa-se por proibir a vida normal dos cidadãos comuns. Depois alvitra-se que os partidos devem ser limitados na sua acção para que as pessoas a quem foi retirada a liberdade não fiquem demasiado aborrecidas. E quando damos por ela já temos responsáveis políticos a sugerir que se viole a Constituição em algo tão central numa democracia como o direito a votar livremente, dentro das regras constitucionalmente garantidas.

Vitorino Silva, por sua vez, apresenta uma solução mais original. Também preferia que não houvesse eleições no dia 24, mas parece compreender a impossibilidade constitucional de alterar a data. Portanto, não está de modas, propõe que o confinamento comece apenas no dia 25. “É a opinião que tenho ouvido na rua e o povo é sábio”, sustenta.

Tiago Mayan Gonçalves escolheu o Mosteiro dos Jerónimos como cenário para a intervenção política de hoje. Perante a situação alarmante, propôs apoios públicos para os empresários que venham a ser prejudicados por mais um confinamento. Naturalmente, não propôs que o sector privado da Saúde ajudasse o SNS. Isso seria muito iliberal.

"Os extremos tocam-se". Há poucas frases mais estúpidas do que esta, sobretudo quando compara o Chega com o BE e o PCP. Mas se um relógio parado dá horas certas duas vezes por dia, por que raio aquela afirmação não haveria, alguma vez, de revelar-se acertada? Foi hoje. Marisa Matias, João Ferreira e André Ventura tiveram um dia parecido, sem acções de campanha.

E porque está tudo bem quando acaba bem, daqui a um bocado os candidatos encontram-se na RTP para o único debate a sete da campanha. Mas Marcelo intervém a partir de casa. Parece que o "match point" marcelista ainda aguarda decisão do vídeo-árbitro. As autoridades de saúde pretendem perceber o motivo dos resultados contraditórios, antes de tomarem uma posição definitiva sobre a liberdade de movimentos do presidente. Situação que deixou o candidato profundamente arreliado, como confessou à repórter da RTP, que se aproximou da janela do carro do político para colher as primeiras impressões.

Foto: Presidência da República

11 janeiro 2021

Diário de campanha: a saúde de todos e a saúde da democracia



A saúde entrou em força no segundo dia de campanha. A saúde de todos, o contributo directo de um candidato para a saúde geral e a própria saúde da democracia.

Comecemos por Vitorino Silva. Sem ideias estratégicas para o sector da Saúde, o candidato optou por aquilo que faz melhor: partiu da própria experiência para tirar conclusões gerais. Começou o dia a doar sangue. Enquanto isso, outros dois candidatos defenderam que, em tempo de pandemia, é altura de fornecer oxigénio aos cuidados de saúde. Ana Gomes pugnou pela requisição civil de meios privados, acusando Marcelo de ter desequilibrado a negociação em prejuízo do Estado. João Ferreira considerou que os privados tentam pôr-se ao fresco nos momentos mais quentes da luta contra a covid-19. A ministra da Saúde, Marta Temido, não está em campanha, mas também se pronunciou sobre o assunto, admitindo a requisição civil, prevista na Lei de Bases da Saúde e no decreto do estado de emergência.

Marisa Matias, que nos debates foi a voz mais audível em defesa do Serviço Nacional de Saúde, escolheu hoje outro dos seus temas dilectos, a valorização dos cuidadores informais. Mas a bloquista também esteve no centro da saúde. Neste caso da saúde da democracia. Tudo porque foi alvo de uma campanha de assédio informático. Os apoiantes - contas reais, contas fictícias e contas assim-assim - de André Ventura disseminaram uma fotografia de uma moçoila com as mamas ao léu, pescada em páginas de pornografia, e garantiram tratar-se de Marisa Matias. A mentira tem a perna mais curta do que as mamocas mostradas na imagem e a tramóia foi rapidamente desmontada. Só que, mais uma vez, a natureza desprezível da extrema-direita ficou em pelota. Ainda por cima é pouco original, recorre à mentira e... anuncia que os resultados de umas eleições que ainda não se realizaram talvez não sejam de fiar. Onde já vimos e ouvimos isto?

Algo nunca visto é um candidato recusar-se a fazer campanha. Tem sido essa a postura de Marcelo Rebelo de Sousa. É certo que 5 anos de campanha diária nas televisões é coisa para cansar, mas não fica bem ao candidato, que é também titular do cargo, desprezar desta forma a democracia. Não é algo que dê muita saúde ao nosso sistema político. Já Tiago Mayan Gonçalves foi coerente. Nos debates não conseguiu desenvolver ideias nem conceitos, apenas disparou frases soltas, que poderiam muito bem ser palavras de ordem de um cartaz. Vai daí, hoje inaugurou um cartaz.

Amanhã há mais. Saúde para todos!

Conto: Três cadáveres e algumas canções

Três cadáveres e algumas canções O corpo exibia-se, imóvel e ostensivo, com a serenidade de todos os cadáveres resultantes de um suicídio....